segunda-feira, 31 de maio de 2010

Hachi, o amor verdadeiro.


( Foto histórica da primeira estátua feita para homenagear Hachi)










EUA - Na sala de aula, a professora pede que cada estudante fale sobre seu herói favorito. Todos riem quando um dos alunos diz que admira Hachi, o cão de seu avô. Esse cachorro akita, de origem desconhecida, encontrou Parker Wilson em Bedridge, na estação de trem. O professor de música tentou localizar o verdadeiro dono, que jamais apareceu. Quando ninguém quis adotar o filhote perdido, Parker não teve coragem de abandoná-lo. Nasce um vínculo forte entre os dois; uma amizade que inspira todos que os conheceram.

"Sempre ao seu lado" é a emocionante adaptação americana de uma história verídica, que ocorreu no Japão, em 1924, na cidade de Shibuya. Se você gosta de animais, prepare o lenço, o filme é construído de jeito a capturar seu coração.

História original:

Hachiko era um Akita que pertencia a um professor universitário, chamado Eizaburo Ueno, que morava em um subúrbio de Tokyo, perto da estação de Shibuya. Todas as manhãs Hachiko acompanhava seu dono no percurso de casa à estação de trem, voltando no final da tarde para acompanhá-lo na volta para a casa.

No dia 21 de maio de 1925, Hachiko, que tinha tinha apenas um ano e meio, estava na estação como de costume esperando seu dono chegar no trem das 16 horas. Porém, naquele dia o Professor Ueno não voltou, porque tinha sorfrido um derrame fatal na Universidade.

Após a morte do Professor, seus parentes e amigos passaram a cuidar do cão, mas Hachiko continuava indo todos os dias à estação de Shibuya para esperar seu dono voltar do trabalho. Muitos anos se passaram e mesmo com dificuldades para andar em decorrência de problemas de saúde, Hachiko mantinha sua rotina diária à estação. Sua vigília durou até o dia 7 de Março de 1934, quando já com 11 anos e 4 meses foi encontrado morto no mesmo lugar onde esperou pelo seu dono por tantos anos.

A memória de Hachiko foi imortalizada em uma pequena estátua de bronze colocada na estação de Shibuya, local onde ele morreu.
Durante a 2ª Guerra Mundial, todas as estátuas foram confiscadas e derretidas, incluindo a de Hachi-Ko. Em 1948 o filho do escultor da estátua original foi contratado para criar uma réplica dessa estátua, que foi colocada no mesmo lugar da anterior e atualmente, todos que passam pela estação de Shibuya em Tokyo podem ver a imponente estátua de Hachiko, eternizando uma das maiores paixões de um cão por seu dono e atestando a incrível lealdade da raça.

sábado, 22 de maio de 2010


"Os outros eu conheci por ocioso acaso.
A ti vim encontrar porque era preciso."
(Guimarães Rosa)


http://momentos-sos.blogspot.com/

Quero ser poeta.


"Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais. Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os poetas o fazem."


Rita Apoena

"A vida só teve cores para mim após ter te amado"




(Love Letter from great men and women)
Vincent Van Gogh, carta de 7 de setembro de 1881

PS: retirado deste lindo blog http://deliriosesuspiros.blogspot.com/

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Ferreira Gullar

Gente fina é que tinha que virar tendência


Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera. O que mais se pode querer? Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa. Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença. "

Martha Medeiros

PS: http://deliriosesuspiros.blogspot.com/

quinta-feira, 20 de maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010


O senhor sabe o que o silêncio é?
É a gente mesmo, demais!

[Guimarães Rosa]

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

[Marina Colasanti]

PS: retirado do mesmo blog abaixo.

O tempo não comprou passagem de volta.
Tenho lembranças, não saudade.
(Mário Lago)

Retirado de: http://silvinhahba.blogspot.com/

Você sabe quantas vezes eu me apaixonaria por você de novo?
- Nenhuma?
- O mesmo número de bolinhas
que surgem na pele de todos os arrepios que existem.

(Cáh Morandi)

Necessário


"Até que a morte nos separe é muito pouco pra mim.
Preciso de você por mais de uma vida."

[Fabrício Carpinejar]

Calabresa-delivery


A aliança imitando ouro tinha a espessura de dois milímetros, talvez, mas foi a única que Gabriel conseguiu financiar. Márcia, a namorada, insistia sobre casamento: após a(s) crise(s) dos três anos, já estava mais do que na hora de comprar, pelo menos, um anelzinho de compromisso. Antes, em pouco tempo, partia-se para o noivado, mas os dias difíceis fizeram com que buscassem outra saída: daí a aliança genérica, comprada com o primeiro salário da pastelaria onde Gabriel agora trabalhava. Não muito longe, ficava um conjunto residencial desses que ainda resistem à proliferação de arranha-céus. O dono da pastelaria, querendo aumentar a renda, achou de bom grado instalar um delivery. E lá foi Gabriel noite afora, pedalando sua bike, entregar pastéis por ali.
..........Dona Simone, embora detestasse ser chamada de Dona, já havia alguns anos, estava separada. Sem filhos, funcionária pública aposentada, vivia à base de fofoca com alguns vizinhos e compras por catálogo. Pintava o cabelo de ruivo e tinha risada orgasmática, daquelas que se toma susto quando se ouve a nove casas de distância. Inquieta e gulosa por natureza, satisfeita ficou ao descobrir o novo serviço de entrega da lanchonete a um quarteirão e meio de onde morava.
..........Era tarde da noite de uma quarta-feira, quando Dona Simone pediu por telefone um pastel misto. A entrega foi feita e gostou. Noutro dia, pediu o sabor frango. Comeu e gostou. Decidiu experimentar outras variedades (carne, queijo, ovos mexidos) até que calabresa tornou-se seu pastel predileto e gozou de tanto se empanturrar. Não havia dia na semana que não comesse calabresa no pastel. A velha que nunca dormia, e vivia na casa ao lado, estranhou por que o furdunço de gatos no telhado havia aumentado tanto de umas semanas pra cá. De madrugada era uma barulheira horrorosa, que por vezes derrubava telhas, mas a velha (que era míope), só vultos indo e vindo conseguia enxergar.
..........Márcia preocupou-se com alguns arranhões pelo corpo do noivo, Foi uma quedinha de nada! Coisa à toa!, mas ela não tinha do que reclamar: trabalhador competente que era, Gabriel conseguiu aumento e, com as muitas comissões que por entrega fazia, logo pode comprar uma aliança de ouro e casar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ponto de vista...


O marido entra com muito cuidado na cama e sussurra suave e apaixonadamente no ouvido de sua mulher:"estou sem cueca....."
E a mulher lhe responde: "amanhã te lavo uma...

Perdas e ganhos



Às vezes, é difícil abrir mão do que temos.Aliás, é preciso muita coragem e determinação para que isso ocorra com "sucesso".
O ser humano não está programado para perdas e sim para ganhos.Mas, mesmo quando acontece uma perda voluntária, é para se ganhar algo em troca.
Ganhar, nesse caso não tem nada a ver com algo material.Ganhar muitas vezes significa paz, noite bem dormida, consciência limpa, teto, abraço dos filhos,cabeça erguida, dever cumprido.
Abdicar de algo é complicado e doloroso ao mesmo tempo. Agregar valores é bem mais simples.
Soma-se isso à aquilo e bingo: felicidade 24 horas do dia.
Nem sempre.
Há controvérsias e nem sempre o reverso da mesma moeda é tão satisfatório como desejaríamos que fosse.
As mulheres estão mais acostumadas a abrir mão das coisas.Não sei se esse fato se deve a sociedade patriarcal, se é devido à maternidade, ou se simplesmente o sexo frágil sucumbe novamente as intempéries da vida.
Só quem perde, sabe o porque abdicou e em silêncio espera o tempo amenizar o que não tem remédios que curem.
O tempo não sara nossas dores, mas ele desvia a ateñção para algo novo tomar o mesmo lugar.
Muitas vezes as pessoas não sabem o porque das escolhas ocorrerem.
Quem abdica não espera compreensão pelo que fez, apenas espera respeito pela difícil decisão que tomou.
Falo desse tema tomando como referência um belo e triste filme: " A escolha de Sofia", onde a escolha teve que ser feita também.
O filme conta a história de Sophie Zawistowska, interpretada por Meryl Streep; uma imigrante católica polonesa que vive no Brooklyn (bairro de Nova York, EUA) de 1.947 e que tivera sua vida marcada, assim como as escolhas que faz para vivê-la, a partir de um fato acontecido nos campos de concentração nazistas durante a II Grande Guerra, onde teve que tomar uma decisão aterradora.
Esse filme denso e dramático nos faz refletir sobre liberdade, sobre escolhas e sobre como o peso de nossas escolhas influenciam nossa existência. Fala sobre ideais a serem escolhidos a partir dos quais nossas ações se permeiam, e nos remete a pensar sobre a possibilidade de vivermos sem termos que escolher; comprometer-nos com alguma espécie de resultado, fruto de nossas ações.

Quando presa, Sophie é obrigada pelos nazistas a uma escolha cruel: indicar para ser morto um dos filhos. E se recusar-se a escolher, ambos seriam mortos. Sophie, diante do dilema que se tornou célebre e sinônimo para indicar escolhas impossíveis de se fazer, opta por poupar o filho homem, por entender que ele teria mais chance de sobrevivência, mas nunca mais voltaria a vê-lo.
Esse filme nos faz pensar em como queremos pautar as decisões sobre nossas vidas: de forma utilitária ou através de princípios que elegemos bons o bastante para nos satisfazer enquanto seres humanos. Mais do que isso, nos incita a pensar que tipo de liberdade gozamos em nossa sociedade.


Uma liberdade que requer que escolhemos entre alternativas dadas, parece-me ser uma liberdade restrita e que necessariamente desembocaria, cedo ou tarde, em dilemas morais para serem decididos no calor da situação.




Vylna Cassoni

domingo, 2 de maio de 2010

Garatujas.


Era diferente.
Tinha forma, contorno, peso, graça.
De repente, virou um borrão onde a nitidez se desfez dando margem a outras interpretações.
Foi sua ou minha culpa?
Ambos erramos e o tempo ajudou a selar o erro.
Quando era pra falar, calei.
Quando era pra chegar, esperei.
Hoje, calada espero ainda, mas apenas os dias passarem...


Vylna Cassoni
02/05/2010.

sábado, 1 de maio de 2010

Atenção


Garimpando, achei esse texto bonito...



"O coração da gente gosta de atenção. De cuidados cotidianos. De mimos repentinos. De ser alimentado com iguarias finas, como a beleza, o riso, o afeto. Gosta quando espalhamos os seus brinquedos no chão e sentamos com ele para brincar. E há momentos em que tudo o que ele precisa é que preparemos banhos de imersão na quietude para lavarmos, uma a uma, as partes que lhe doem. É que o levemos para revisitar, na memória, instantes ensolarados de amor capazes de ajudá-lo a mudar a freqüência do sentimento. Há momentos em que tudo o que precisa é que reservemos algum tempo a sós com ele para desapertá-lo com toda delicadeza possível. Coração precisa de espaço..."

Canção das mulheres


Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft

Canção dos homens


Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo
- filho, panela ou computador - e venha me dar um beijo como os de antigamente.

Que quando nos sentarmos à mesa para jantar
ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos.

E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.

Que se estou cansado demais para fazer amor,
ela não ironize nem diga que "até que durou muito" o meu desejo ou potência.

Que quando quero fazer amor ela não se recuse demasiadas vezes, nem fique impaciente ou rígida, mas cálida como foi anos atrás.

Que não tire nosso bebê dos meus braços dizendo que homem não tem jeito pra isso, ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine docemente se eu não souber.

Que ela nunca se interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre nós quando me distancio ou me distraio demais.

Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente nossas intimidades com as amigas, como tantas mulheres fazem.

Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um gesto de enfado dizendo "Essa você já me contou umas mil vezes".

Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja calmamente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que já não gosto dela.

Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute, como se silêncio fosse falta de amor.

Que quando estou com pouco dinheiro ela não me acuse de ter desperdiçado com bobagens em lugar de prover minha família.

Que quando eu saio para o trabalho de manhã ela se despeça com alegria, sabendo que mesmo de longe eu continuo pensando nela.

Que quando estou trabalhando ela não telefone a toda hora para cobrar alguma coisa que esqueci de fazer ou não tive tempo.

Que não se insinue com minha secretária ou colega para descobrir se tenho amante.

Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar, me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha parceira, não minha dependente nem meu juiz.

Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma criança tola e ela a mãe, a mãe onipotente, que não me transforme em filho.

Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela primeira vez.

Que eu não sinta que me tornei desinteressante ou banal para ela, como se só os filhos e as vizinhas merecessem sua atenção e alegria.

E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco consciente ou inconscientemente,

Ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano."

Lya Luft