quarta-feira, 30 de março de 2011

Compreendi que vivi estes anos só para ouvir aquelas palavras."
"Era delicada e imprevisível. Despertava o desejo de cobiçá-la, de protegê-la da desgraça. Clarice era muito sensível, de uma sensibilidade à flor da pele, mas tinha uma grande segurança de si mesma. Quando menos era de se esperar, mudava de atitude e impunha seu próprio ritmo de vida."






(Olga Borelli in: Clarice Lispector. Ed. Nova Fronteira, p. 40)

Tempestade

A lembrança da tua voz

é minha companheira nos dias de tempestade

nas horas que lembro, viver é preciso

apesar de...

apesar de tanta coisa ficar perdida

entre os olhares que nunca,

n-u-n-c-a mais irão se cruzar

mas a tua voz fica, e soa,

e canta às vezes

e eu começo a chover,

a chover,

c

h

o

v

e

r

para dentro de quem um dia fui

contigo.









(Cáh Morandi)

Consuela Castillo

"Ora, sou muito vulnerável à beleza feminina, como você sabe. Todo mundo se torna indefeso diante de alguma coisa, e no meu caso é isso. Diante de uma mulher bonita, não enxergo mais nada", admite Kepesh no início do segundo parágrafo - e não é preciso dizer muito mais. O "você" que aparece na frase mostra que ele fala com alguém, mas que permanece em silêncio durante quase todo o livro. Pequenas pistas desse interlocutor são dadas ao longo da narrativa. Porém, mais importante que a identidade desse ouvinte é a história que Kepesh vai desfiando.







Seu método manda nunca se envolver com uma aluna durante o semestre que dura o curso. Ao final do período letivo, realiza uma festa em seu apartamento, convida todos os alunos e acaba faturando alguma garota mais ou menos atiradinha. Ao conhecer uma de suas turmas novas, ele fica embasbacado com a beleza de Consuela Castillo, uma filha de cubanos culta e escultural (como se um raio caísse duas vezes no mesmo lugar). Logo vê que ela deve ser sua próxima amante.




Ao invés de transar com a garota e partir para a próxima, Kepesh fica de joelhos por ela (de verdade, enquanto lambe a menstruação que escorre por suas coxas em uma das cenas mais explícitas do livro). Aos poucos, não consegue pensar em outra coisa e Consuela vira uma obsessão. Se estivesse despencando de um precipício - e ele parece se sentir assim por ter 62 anos de idade -, a bela Consuela, de seios tamanho 44, seria a raiz de árvore na qual poderia se agarrar para evitar (ou ao menos atrasar) a queda. A explicação que dá para o arrebatamento que sente vem na página 35 e traz uma metáfora ótima relacionada ao beisebol:






Não me entenda mal. Não estou dizendo que, através de uma Consuela, você consegue se iludir e ficar achando que tem uma última oportunidade de ser jovem. Pelo contrário, a distância que separa você da juventude fica mais evidente do que nunca. Na energia dela, no seu entusiasmo, sua ignorância juvenil, sua sapiência juvenil, a diferença é enfatizada a cada momento. Você nunca tem a menor dúvida de que quem tem vinte e quatro anos é ela. Só mesmo um idiota pode achar que voltou a ser jovem, o que você sente é o contraste doloroso entre o futuro ilimitado dela e os limites do seu futuro, você sente mais até mais do que costuma sentir a dor da perda de todos os seus dons que já foram embora. É como jogar beisebol com um grupo de rapazes de vinte e poucos anos. Você não se sente jovem por estar jogando com eles. Você nota a diferença a cada segundo do jogo. Mas pelo menos você não está sentado, de fora, assistindo. O que acontece é o seguinte: você sente da maneira mais dolorosa o quanto envelheceu, só que de uma maneira nova.



Philip Roth in: O animal agonizante.

PS: para os homens que jamais amaram de verdade, aqui deixo o vídeo.

http://www.redefilmesonline.net/2010/11/fatal-beleza-esta-nos-olhos-de-quem-ve.html

terça-feira, 29 de março de 2011

Christina Aguilera - Something's Got a Hold On Me (Burlesque)

Alma fluída






A alma de uma mulher é fluida como um oceano que nos atrai para o fundo. Navegada com arte, deixar-se-á cortar pelas proas que singram o azul das águas profundas. A alma feminina também é dura e resistente como uma jóia não lapidada, cuja beleza se esconde, à espera. Açodada, encolherá, sem sucumbir, posto que é forte. Mas sofrerá com coisas banais. Tua alma renasce ao som de uma palavra, à sombra de um gesto. Se eu soubesse dessa fluidez salgada, teria soltado as amarras, cortado as espias, folgado os lançantes. Se eu soubesse, teria pulado do cais.

 
 
—— Trechos retirados do livro "Cartas



a Uma Mulher Carente" de Ney Amaral



Comentários e depoimentos:


Martha Medeiros


Blog da Martha Medeiros - 11.03.10





Enfim, não vou entrar nessa questão, apenas indicar um livro bonito que estou terminando de ler, Cartas a uma mulher carente, escrito por Ney Amaral. Apesar do título, o livro não faz coro ao chororô feminino e nem é paternalista. É apenas a reunião de bonitos e poéticos textos de um homem que compreende a complexidade de existir - sejamos homens ou mulheres, existir é complexo, concorda? Fica a dica de uma leitura suave.







Caderno Donna de ZH- 18.04.10

Acaba de ser revelado o que uma mulher quer e que Freud nunca descobriu. Ela quer uma relação amorosa equilibrada onde haja romance, surpresa, renovação, confiança, proteção e, sobretudo, condições de entrega. É com essa frase objetiva e certeira que Ney Amaral abre seu livro Cartas a uma Mulher Carente, um texto suave que corria o risco de soar meio paternalista, como sugeria o título, mas não. É apenas suave.
De hoje em diante você terá exatamente o que sobrou de mim: Nada!

Vylna Cassoni.

Madame Bovary


"O remorso é a única dor da alma, que nem a reflexão nem o tempo atenuam."



"As mulheres só perdoam depois de terem castigado."

                    
"O amor, que não é mais do que um episódio na vida dos homens, é a história inteira da vida das mulheres."


"Abandonando nobremente quem nos deixa, colocamo-nos acima de quem perdemos. "  



Sinopse:




Madame Bovary é com certeza um dos mais belos romances de lingua francesa, ou porque não dizer, um dos mais belos e elaborados romances escritos durante a história da humanidade.Escrito por Gustave Flaubert em?? a narração parte de uma experiência do escritor, médico de profissão, escritor por vocação que estando em Rouen, perto de Paris, toma conhecimento do suicídio de uma jovem senhora, que depois de ter levado o marido à ruina ingere arcênico e falece. Flaubert este durante oito anos pesquisando a vida desta senhora e como requer o romance realista, em posse de dados muito próximos da realidade escree o romance, que lhe custou um processo por ultraje à moral do qual se livrou alegando ter escrito o livro como forma de mostrar qual deve ser o fim de uma mulher adúltera. O livro narra a história de Ema Bovary, esposa do médico Charles Bovary, um homem fracassado e medíocre que desperta na mulher todos os sentimentos contrários aquilo a que havia idealizado durante a mocidade. Ema fora criada em um convento e por não apresentar sinais verdadeiros de que tivesse vocação para ser freira volta à casa do pai e ali vive uma vida pacata no campo, lendo os romances românticos idealizados de Walter Scott. Charles fora desde menino tímido e sem iniciativa, tendo um pai omisso fora sempre controlado pela mãe e acaba por tornar-se médico. A mãe então indica-lhe uma viúva de posses com quem o rapaz se casa e vive uma vida morna de sentimentos. Certa ocasião o pai de Ema quebra a perna e então Charles vai prestar atendimento ao pai da jovem, ocasião esta em que acabam se conhecendo. Posteriormente as visitas à casa de Ema se intensificam em virtude da saúde seu pai. Logo Charles fica viúvo e daí ás núpcias é um curto intervalo de tempo. Ao casar a moça sente que ascenderá socialmente, que viverá a vida dos salões, em contato com os nobres, mas logo entra num estado de profunda nostalgia ao perceber que o casamento constitui de uma vida monótona, cercada aos afazeres do lar. O casal então decide mudar-se para Roeun e quando isto ocorre Ema está grávida de Berthe. Instalando-se na nova cidade, Charles de certa forma ameaça com sua presença o farmacêutico Romais que executa as funções de médico no local. Surge entre as duas famílias um clima de inveja, que não se deixa transparecer totalmente. Ema conhece Leon , um jovem com quem trava amizade e um amor platônico, no entanto logo o rapaz se dirige a Paris para estudar Direito o que desencadeia na Senhora Bovary uma incrível sensação de solidão que é superada pelo aparecimento de Rodolfo, fidalgo decaído que vive de aparências com quem Ema vive um intenso caso de amor e com quem planeja fugir, no entanto na data marcada, Rodolfo lhe envia um bilhete alegando que não iria levá-la para o seu próprio bem, a jovem Senhora então entra em crise de depressão profunda, tempo em que se recolhe a religiosidade e se dedica ao marido. Com a volta de Leon de Paris, Ema novamente se lança às suas aventuras amorosas e perde todos os limites do bom senso, envolvendo-se cada vez mais em dívidas, assina muitas notas notas promissórias, dominada pelo consumismo e pela personalidade ansiosa que a conduz finalmente ao fundo do poço. Sem saída para as dívidas e tendo perdido mais uma vez o amante, ela resolve tomar arcênico, depois de um perído agonizante ela falece. Charles não suporta a ausência da esposa e acaba morrendo de ataque cardíaco fulminante, na condição mais degradante que um ser humano é capaz de alcançar. Berthe depois da morte da tia com quem ficara depois da morte dos pais, vai trabalhar em uma tecelegem como operária e assim se dá o desfecho da trágica história da Senhora Bovary.





origem: Madame Bovary http://pt.shvoong.com/books/2907-madame-bovary/#ixzz1I1GnQSb9

                          
(...) Minha vontade é que ele me pergunte se quero um pouco de chá gelado e se eu gostaria de ver um dos seus filmes estirada nas grandes almofadas... Eu mais uma vez me pergunto como é mesmo que se faz a coisa mais profunda do mundo com total superficialidade. Como é que se ama sem amor? Como é que se entrega de dentro de uma prisão? Nunca soube.



Livro: De um grande amor e uma paixão maior ainda.
(...) Os grandes amores são assim mesmo, eles nos dão o caminho da emoção, mas os sentimentos de verdade são apenas nossos, ninguém copia, ninguém leva, ninguém divide..."

A agitação de possuir que revezava com a agitação de não possuir

“Ainda assim, eu nunca me sentia tranquilo com ela… (…) A agitação de possuir Consuela – que revezava com a agitação de não possuir Consuela... (...) Por mais atormentado que eu estivesse com ela, fiquei cem vezes mais atormentado por tê-la perdido. Foi um período terrível, que não terminava nunca.”





(Philip Roth in: O animal agonizante. Ed. Companhia das Letras, p. 79)


Esse post eu peguei emprestado de um maravilhoso blog que deixo o link aqui pra vcs que ainda não o conhecem Obrigada.
http://vemcaluisa.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de março de 2011

Do que restou de nós...

Tem pessoas que são uma caixinha surpresa.Pena que a maioria das vezes ao desembrulhar somos presenteados com tristeza.
Nao posso fugir dos lugares mais


*a recuperaçao é longa e dolorosa


*lenta


*cruel eu diria


*pq implica em lembrar e apenas suspirar


*ja que nao posso contar a ninguem


*soltar o grito que habita em mim


*ou ate mesmo ficar quieta


*so esperando passar


*nao posso apagar


*nao posso esquecer, nem tampouco perdoar


*compreender é praticamente impossível


*e insuportável é imaginar o pode ainda estar contido no que nao sei


*no que so vcs sabem


*e saberão pela eternidade...



Muito provavelmente você não será o último a me fazer de boba.Não foi o primeiro.Tem coisas que nem Freud explicaria, mas de uma eu já obtive resposta: possuo um dom inigualável para sofrer, buscando a sorte e o amor onde eles jamais estariam.Fazer o que? Acontece...

domingo, 27 de março de 2011



Sou muito frágil, me apego as pessoas, acredito nas suas palavras, amo demais, me convenço de que as pessoas se importam comigo, acredito no arrependimento, acredito que sou rodeada de melhores amigos etc e tal. E no final? Me tranco no quarto e escrevo, para tentar corroer a dor que toda essa inocência me causa.
"O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante."










Ana Jácomo







'Posso não ter a menor ideia do que eu estava fazendo,


mas sabia exatamente o que eu estava sentindo.'














[Lídia Martins]
Vou rir bastante, manter um ar distante

e esquecer quanto tempo faz."







(Martha Medeiros)

quarta-feira, 23 de março de 2011

Londres, 27 de fevereiro de 1932 — Los Angeles, 23 de março de 2011

Em 27 de fevereiro de 1932, Elizabeth Rosemond Taylor nasceu na Inglaterra, mas mudou-se ainda criança com os pais norteamericanos para os Estados Unidos. Aos 10 anos, já começou a atuar em filmes pequenos, como atriz contratada da Universal Pictures. Uma de suas primeiras aparições na telona foi no filme Lassie, de 1943. Durante sua carreira filmou obras importantes de históricas,contracenou com os maiores artistas de sua época e tornou-se querida do público e da crítica. Mundialmente conhecida como uma das mulheres mais bonitas de todos os tempos, sua marca registrada são os inacreditavelmente lindos olhos cor de violeta (um tipo raríssimo de variação de azul). Não à toa é considerava uma das grandes divas de Hollywood, especialmente por ser uma das principais estrelas da Era de Ouro dos grandes estúdios americanos. Seu talento lhe rendeu 2 Oscar de melhor atriz e um especial (Prêmio Humanitário), 4 Globos de Ouro e um Bafta.




A vida Lady Liz Taylor (foi condecorada pela Rainha Elizabeth II em 1999) também foi marcada por seus vários casamentos (oito, no total) e por sua ajuda a causas humanitárias - a atriz foi a pioneira no desenvolvimento de ações filantrópicas, principlmente no combate à AIDS. Sua saúde atualmente é frágil, principalmente após ter vencido um câncer no cérebro em 1997. Os anos passam e a beleza não é eterna, todos sabemos. Mas nem ele consegue apagar o brilho de uma estrela da grandeza de Elizabeth Taylor.  



La Ragazza con la valigia (1961) de Valerio Zurlini



Há filmes que resumem o cinema e a vida com uma simplicidade quase embaraçante tanto para quem há muito faz cinema e, sobretudo, para quem há muito vê cinema. Parece que, em "La Ragazza con la valigia", o cinema chega ao fim: não há retrato mais autêntico, honesto e genuíno do crescimento, do amor e da solidão. Mais uma vez Zurlini mostra-se totalmente incapaz de filmar uma história de amor em tom light, agradável q.b. com um "happy ending" mais ou menos moralista: o cinema de Zurlini nasceu depois disso tudo para criar, finalmente, um mundo com personagens reais, sentimentos verdadeiros (haverá melhor matéria-prima para um filme?) e uma visão próxima da vida (nem sempre o casal acaba abraçado, a beijar-se à chuva). É inebriante a forma como a câmara percorre o rosto e corpo de Claudia Cardinale, que nunca esteve tão bela, e a maneira como retrata o amor puro, louco e eterno de Jacques Perrin. Obra-prima absoluta para ser vista várias vezes.

Algum dia...

"Algum dia em qualquer parte, em qualquer lugar indefectivelmente te encontrarás a ti mesmo, e essa, só essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga de tuas horas."






Pablo Neruda

terça-feira, 22 de março de 2011

E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras."










Ana Jácomo


E na escuridão, choro baixinho pra não acordar a dor.Quem me faz cia é apenas a mágoa e indignação...

segunda-feira, 21 de março de 2011



Tem descobertas que nos mudam apenas por instantes, outras mudam por uma vida toda!

O valor de um olhar


Os olhos podem dizer tudo ou simplesmente nada.Conheço pessoas que podem me olhar nos olhos e mentir descaradamente.








"Os olhos, por enquanto, são a porta do engano; duvide deles, dos seus, não de mim."




(Guimarães Rosa in: O Espelho)


domingo, 20 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011



...Eu posso me apegar a outras coisas,



mas você criou um mundo em minha cabeça


e enquanto eu penso qualquer coisa para que te esqueça


o mínimo que me distraio, um deslize só,


posso imaginar sua voz dizendo meu nome.



Não é que o mundo seja só ruim e triste.

É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais.
Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito.
Só os poetas o fazem.










Rita Apoena


Um dia fizemos um pacto de total aproveitamento da vida que nos brindava com pequenas coisas e situações.E a cada acordar, nós renovávamos a mesma escolha de ontem. Um dia, sem aviso prévio você quebrou o pacto covardemente sem que eu tivesse outra opção e me fez sentir como se nunca tivesse sido essencial.Eu me pergunto até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você...

Na minha ingenuidade...


Eu gostava de ficar no seu abraço...

domingo, 13 de março de 2011

Do que restou de mim

Porque fomos serenos num mundo veloz que eu achei que a perfeição existia dentro do seu abraço..

.

Hoje percebo que minha felicidade foi clandestina.

Tristeza

Tristeza é quando chove



quando está calor demais


quando o corpo dói e os olhos pesam


tristeza é quando se dorme pouco


quando a voz sai fraca


quando as palavras cessam


e o corpo desobedece


tristeza é quando não se acha graça


quando não se sente fome


quando qualquer bobagem nos faz chorar


tristeza é quando parece


que não vai acabar






Martha Medeiros
 
 

sábado, 12 de março de 2011

O valor das coisas não está nas palavras, mas nos atos que vc pratica para com seu semelhante.

terça-feira, 1 de março de 2011

Deixe a raiva secar.

Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas.


No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar.


Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã.


Júlia então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.


Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial.


Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.


Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.


Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:


"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo?


Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.


Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações.


Mas a mãe, com muito carinho ponderou:


"Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?


Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.


Você lembra o que a vovó falou?


Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar.


Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa.


Deixa a raiva secar primeiro..


Depois fica bem mais fácil resolver tudo.


Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão.


Logo depois alguém tocou a campainha..


Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão.


Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:


"Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente?


Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei.


Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado.


Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você.


Espero que você não fique com raiva de mim.


Não foi minha culpa."


"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou."


E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.


Nunca tome qualquer atitude com raiva.






A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são.






Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta.






Diante de uma situação difícil. Lembre-se sempre: Deixe a raiva secar.








PS: desconheço o autor, mas a moça que me mandou o e-mail é muito querida.