terça-feira, 11 de maio de 2010

Perdas e ganhos



Às vezes, é difícil abrir mão do que temos.Aliás, é preciso muita coragem e determinação para que isso ocorra com "sucesso".
O ser humano não está programado para perdas e sim para ganhos.Mas, mesmo quando acontece uma perda voluntária, é para se ganhar algo em troca.
Ganhar, nesse caso não tem nada a ver com algo material.Ganhar muitas vezes significa paz, noite bem dormida, consciência limpa, teto, abraço dos filhos,cabeça erguida, dever cumprido.
Abdicar de algo é complicado e doloroso ao mesmo tempo. Agregar valores é bem mais simples.
Soma-se isso à aquilo e bingo: felicidade 24 horas do dia.
Nem sempre.
Há controvérsias e nem sempre o reverso da mesma moeda é tão satisfatório como desejaríamos que fosse.
As mulheres estão mais acostumadas a abrir mão das coisas.Não sei se esse fato se deve a sociedade patriarcal, se é devido à maternidade, ou se simplesmente o sexo frágil sucumbe novamente as intempéries da vida.
Só quem perde, sabe o porque abdicou e em silêncio espera o tempo amenizar o que não tem remédios que curem.
O tempo não sara nossas dores, mas ele desvia a ateñção para algo novo tomar o mesmo lugar.
Muitas vezes as pessoas não sabem o porque das escolhas ocorrerem.
Quem abdica não espera compreensão pelo que fez, apenas espera respeito pela difícil decisão que tomou.
Falo desse tema tomando como referência um belo e triste filme: " A escolha de Sofia", onde a escolha teve que ser feita também.
O filme conta a história de Sophie Zawistowska, interpretada por Meryl Streep; uma imigrante católica polonesa que vive no Brooklyn (bairro de Nova York, EUA) de 1.947 e que tivera sua vida marcada, assim como as escolhas que faz para vivê-la, a partir de um fato acontecido nos campos de concentração nazistas durante a II Grande Guerra, onde teve que tomar uma decisão aterradora.
Esse filme denso e dramático nos faz refletir sobre liberdade, sobre escolhas e sobre como o peso de nossas escolhas influenciam nossa existência. Fala sobre ideais a serem escolhidos a partir dos quais nossas ações se permeiam, e nos remete a pensar sobre a possibilidade de vivermos sem termos que escolher; comprometer-nos com alguma espécie de resultado, fruto de nossas ações.

Quando presa, Sophie é obrigada pelos nazistas a uma escolha cruel: indicar para ser morto um dos filhos. E se recusar-se a escolher, ambos seriam mortos. Sophie, diante do dilema que se tornou célebre e sinônimo para indicar escolhas impossíveis de se fazer, opta por poupar o filho homem, por entender que ele teria mais chance de sobrevivência, mas nunca mais voltaria a vê-lo.
Esse filme nos faz pensar em como queremos pautar as decisões sobre nossas vidas: de forma utilitária ou através de princípios que elegemos bons o bastante para nos satisfazer enquanto seres humanos. Mais do que isso, nos incita a pensar que tipo de liberdade gozamos em nossa sociedade.


Uma liberdade que requer que escolhemos entre alternativas dadas, parece-me ser uma liberdade restrita e que necessariamente desembocaria, cedo ou tarde, em dilemas morais para serem decididos no calor da situação.




Vylna Cassoni

Nenhum comentário:

Postar um comentário